Brasil: Desmatamento cai em 2024, mas biomas como Cerrado ainda concentram perdas expressivas
O Brasil desmatou 1.242.079 hectares de vegetação nativa em 2024 — uma queda de 11,6% em relação ao ano anterior. Os dados fazem parte do Relatório Anual do Desmatamento (RAD 2024), divulgado nesta quarta-feira (15) pela rede MapBiomas, e revelam um recuo importante após anos de alta. Ainda assim, os pesquisadores alertam para a necessidade de atenção constante, sobretudo em biomas sob forte pressão, como o Cerrado.
Detalhes do estudo
Elaborado com base em imagens de satélite de alta resolução, o estudo traça um panorama abrangente do desmatamento nos seis biomas brasileiros. Apesar da retração anual, o acumulado entre 2019 e 2024 alcança 9.880.551 hectares — uma área equivalente ao território da Coreia do Sul.
No ano passado, o país perdeu, em média, 3.403 hectares de vegetação nativa por dia — o equivalente a 141,8 hectares por hora. O pico foi registrado em 21 de junho, quando a área devastada atingiu o equivalente a 3.542 campos de futebol em apenas 24 horas.
Desmatamento em alta no Cerrado
Pelo segundo ano consecutivo, o Cerrado liderou o desmatamento nacional, com 652.197 hectares destruídos — mesmo com a queda de 41,2% em comparação a 2023. O ritmo diário no bioma foi de 1.786 hectares. A Amazônia aparece em segundo lugar, com 377.708 hectares desmatados (queda de 16,8%), o que equivale a uma perda de 1.035 hectares por dia, ou cerca de sete árvores por segundo.
Já a Amazônia Legal — região que abrange nove estados — perdeu 700.063 hectares em 2024, com retração de 13% frente ao ano anterior. O acumulado dos últimos seis anos chega a 6.647.146 hectares.
Os demais biomas também registraram perdas, ainda que menores:
- Caatinga: 140.331 hectares (-13,4%)
- Pantanal: 32.436 hectares (-58,6%)
- Mata Atlântica: 29.721 hectares (+2%)
- Pampa: 3.110 hectares (-42,1%)
As formações savânicas (52,4%) e florestais (43,7%) foram os tipos de vegetação mais atingidos. A expansão agropecuária continua sendo o principal vetor da destruição.
O Pará lidera o desmatamento acumulado entre 2019 e 2024, com cerca de 2 milhões de hectares. Em 2024, os cinco estados com maiores áreas devastadas foram Maranhão (218.298 hectares), Pará (156.990 ha), Tocantins (153.310 ha), Piauí (142.871 ha) e Bahia (133.334 ha).
Os quatro últimos fazem parte da região do MATOPIBA — acrônimo para Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — que concentrou 40% de todo o desmatamento registrado no país em 2024 (516.529 ha). A queda foi de 28% em relação ao ano anterior. No Cerrado, 75% das perdas ocorreram dentro do MATOPIBA.
Outros estados
Alguns estados, como Goiás, Bahia, Paraná, Espírito Santo e o Distrito Federal, apresentaram reduções expressivas. Em contrapartida, o Rio Grande do Sul teve aumento de 70% no desmatamento, atribuído a eventos climáticos extremos. No Acre, na região amazônica, o crescimento foi de 31%.
Do total de 5.572 municípios brasileiros, 2.990 (54%) registraram algum nível de desmatamento em 2024. São Desidério (BA) e Balsas (MA) lideram o ranking municipal, enquanto Lábrea (AM), no sul do Amazonas, subiu para a terceira posição.
Por Regionalzão
