Minas Gerais: Estado confirma foco de gripe aviária e decreta emergência sanitária
Minas Gerais confirmou, nesta terça-feira, 27 de maio, um foco de gripe aviária no município de Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Identificaram a ocorrência em três aves ornamentais, um cisne-negro e dois gansos, mantidas em um sítio da cidade. Diante do episódio, o governador Romeu Zema decretou situação de emergência sanitária no estado por 180 dias.
Medida publicada
A medida foi oficializada em edição especial do Diário Oficial. Segundo o texto, tem como objetivo permitir ações rápidas de contenção da doença. Essas ações estão em consonância com as diretrizes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
“O setor privado e o poder público realizarão as medidas de monitoramento, as ações preventivas e a análise de riscos da IAAP em cooperação”, afirma o decreto.
Monitoramento
De acordo com o Painel de Monitoramento de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves, do Mapa, trata-se de um caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP). Este caso é mais grave que o registrado anteriormente em Minas, em 2023. Naquela ocasião, identificaram a variante de baixa patogenicidade (H9N2) em um pato de vida livre.
As suspeitas surgiram em 16 de maio, quando encontraram os animais mortos. Após coletarem e analisarem as amostras, exames laboratoriais confirmaram o resultado positivo para o vírus.
O prefeito de Mateus Leme, Renílton Coelho, disse que o município acompanha de perto a situação. “Estamos monitorando os moradores do sítio que tiveram contato com os animais. Não existe risco de transmissão comunitária”, afirmou. Segundo ele, o impacto econômico é pequeno, já que a avicultura não é uma atividade significativa na região.
Em vídeo divulgado à imprensa, o vice-governador Mateus Simões afirmou que a infecção decorre da migração de aves silvestres. “Todas as providências estão sendo tomadas. Não há qualquer risco no consumo de carne ou ovos”, disse.
Plano de Contingência
O governo estadual informou que as ações fazem parte do Plano de Contingência da IAAP, elaborado em 2022 após o surgimento dos primeiros casos da doença na América do Sul. Entre as medidas estão o reforço da biosseguridade em granjas comerciais e a vigilância em criatórios de subsistência. Além disso, há vistorias em áreas de risco e campanhas de conscientização sanitária.
O Executivo reforçou que alimentos devidamente cozidos não transmitem a gripe aviária.
O novo foco em Minas ocorre em um momento de atenção elevada no setor avícola brasileiro. O país já havia registrado, nas últimas semanas, dois focos confirmados no Rio Grande do Sul. Um deles ocorreu em uma granja comercial em Montenegro, e o outro em um zoológico em Sapucaia do Sul.
A repercussão internacional foi imediata. Mais de 40 países, entre eles China e membros da União Europeia, impuseram embargos temporários à carne de frango brasileira. A suspensão afeta diretamente o maior exportador global do produto. Em 2024, o Brasil embarcou 5,16 milhões de toneladas, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Desse total, 562 mil toneladas foram destinadas à China, principal compradora. Os Emirados Árabes Unidos compraram 455 mil toneladas e a União Europeia adquiriu 231 mil toneladas.
Com a desinfecção da granja de Montenegro concluída na semana passada, o Brasil poderá retomar o status de livre da gripe aviária em 28 dias. Isso ocorrerá caso não sejam registrados novos casos até lá.
As exportações brasileiras de carne de frango movimentaram US$ 9,93 bilhões em 2024, de acordo com a ABPA.
Por Regionalzão
